A Partitura
A PARTITURA DO ATOR é uma coleta de técnicas
teatrais antigas e modernas, praticadas, desenvolvidas, criadas e reelaboradas
pelo ator e diretor Naldão. Artes. Ao longo do tempo trabalhando teatro com
grupos e em escolas, Naldão percebeu que o básico do teatro nunca é encontrado
em um único lugar, partindo daí teve a ideia de juntar essas joias que até uma
pessoa que não conhece termos básicos de teatro pode desenvolver-se treinando e
se organizando na disciplina teatral.
Dá-se o nome PARTITURA porque é um apanhado de termos, técnicas, regras, visões,
divisões de palco e de cenas como um todo, para cada um desses valores Naldão
criou seu símbolo de forma que se aproxime cada vez mais do termo estabelecido,
os símbolos seguem como sigla do nome. Aqui se terá também o nome que muda de
acordo com região e até mesmo local ou grupos, esses termos ganha um nome e
símbolo universal para que diretores e atores tenham a mesma linguagem nas comunicações
de suas montagens, sendo assim, até mesmo qualquer um dos técnicos que componha
o elenco de um espetáculo desde a produção á montagem pode sugerir em cima da
técnica no seu trabalho com seu respectivo nome.
Há muito tempo grandes pensador-pesquisadores
do teatro já dividia e divulgava seus estudos e técnicas em partitura, como:
Constantin Stanislawski, Jerzy Grotowiski e tantos outros, eles incentivam em
que cada ator é quem deve fazer a própria partitura de acordo com o que eles
ensinavam, aqui em relação ao próprio ator fazer a sua partitura é a mesma
coisa, a diferença é que criamos símbolos e nomes da técnica para determinadas
necessidades na hora de usar na desenvoltura do trabalho, dessa forma a
partitura pode ou deve mudar durante a preparação de um espetáculo.
A
PARTITURA DO ATOR se divide em três capítulos voltados para o ator e sua
ação estética em cena: capitulo 1 “O ATOR”, capitulo 2 “A PERSONAGEM” e o
capitulo 3 “A CENA”. Aqui o ator traz para si uma organização de comportamentos
levando-o ao conforto de buscar o que precisa lembrar para cada uma de suas necessidades,
terá sempre uma técnica respectiva a essa necessidade para que possa sempre ser
praticada no dia-dia de cena. Com noção do que deve ser feito e o que deve ser evitado
fica mais prático a desenvoltura.
Lembrando que cada técnica não segue
como uma regra única para todo mundo em sua natureza biológica, pode se adaptar
para que melhor se encaixe com o seu trabalho e seu Bio-tipo.
CAPÍTULO 1
O Ator
É um ser que deve ter a capacidade de
ver o mundo de outra maneira, compreendendo a vida por dentro e por fora, no seu
interior o ator deve ser puro de desejos, livres de conceitos, preceitos, preconceitos
e deve ser também receptor para que possa transferir, deve ser justo, deve ser humilde
e principalmente solidário. É de necessidade que o ator conheça outras artes e
tenha os diversos conhecimentos para aprimoramento das suas técnicas.
Para que o ator tenha essa capacidade
e preciso se livrar das algemas sociais. Todos nós quando nascemos temos um
padrão ensinado pelo convívio em sociedade, esse padrão está incluso o que foi
dito no paragrafo anterior do que o ator deve se livrar: conceitos,
preconceito, preceitos, vaidade e principalmente a prisão pelo que é vinculado
como ordem da maioria, hoje em dia vivemos como herança das classes dominantes
a velha inveja coletiva na qual se chama de moda, essa é uma das algemas em que
infra a vaidade, o consumismo, a arrogância, o achismo e tantos outros. Todos
esses complexos lhe tira da base natural da vida, e é com essa base que o ator
deve se reencontrar.
Há muito tempo que já temos antes da
morte cerebral a morte psicológica, que começa desde a infância, uma moléstia
do destino que lhe leva mais ao encontro do que é supérfluo do quê ao encontro
daquilo que consistente. A morte psicológica é uma escravidão do convencimento
que aos pouco vai fechando seus fluidos naturais criando uma serie de
bloqueios, esses bloqueios leva as pessoas a se acharem diferentes naturalmente
das outras, assim, tudo que se faz é preocupado pelo o que o outro vai achar no
campo do bonito ou feio, impedindo que flua a natureza com liberdade de dentro
si mesmo. Por isso é uma morte psicológica, lhe convence ao supérfluo, lhe
impede viver o maior valor a vida. Isso quando é feito em uma cena, faz
qualquer pessoa não sentir aquilo que estar fazendo por estar preocupada com o
que os outros ou outras vão achar, colocando visão maior em quem está lhe vendo
do que no que estar fazendo, essa pessoa nunca foi um ator.
O ator tem que livrar-se tanto fisicamente
quanto mais ainda psicologicamente desses bloqueios, tem de libertar sua alma
das algemas que lhe leva a escravidão do convencimento, que está sempre provocando
continuamente sua morte psicológica. Para que isso aconteça é necessário deixar
a natureza fluir, sentir o que está fazendo dentro da alma, dentro do seu
interior mais profundo e deixar que exploda pelos seus vibradores naturais o
sentimento mais verdadeiro da sua alma no ápice do prazer ou da dor, do riso ou
do choro, do ódio ou do amor.
Para que isso aconteça precisa-se de preparar
o corpo e a alma, romper todas as fronteiras da mente e do corpo que provocam
os bloqueios, deixar fluir tudo o que a natureza lhe oferece como composto da
vida, explorar a si mesmo por dentro e por fora sem distinção do que, do qual
ou de como, só assim, seu composto torna-se límpido como um recipiente vazio,
preparado para receber e oferecer emotivamente o que for necessário em qualquer
que seja sua cena, isso transcende o amor.
Para isso foi criado esse bloco como uma forma
de ajudar a qualquer pessoa se tornar ator e qualquer ator refletir a si mesmo.
Um ator experiente já deve conhecer tudo ou quase tudo aqui descrito, e deve
ter uma naturalidade em uso das técnicas aqui citadas, no entanto todo
profissional deve sempre ter cede de sua profissão.
Ser ator não é só uma conquista de trabalho
mas uma conquista de viver, para que isso aconteça a pessoa deve no ato da sua
purificação analisar texto, personagem e a si, estar atento para marcação da
sua partitura, sempre se coloca somente o símbolo que está logo na frente do
seu nome, é colocado á cima ou á baixo da sua fala ou á frente da sua cena, se
preocupar com sigo mesmo tanto fisicamente quanto psicologicamente. Lembrando
que um ator deve sempre estar em contato com as outras artes, com atividades
físicas que lhe favorece a saúde, ter a capacidade sentir todas as sensações
que a vida oferece e carregar sempre com ele mesmo a disciplina do teatro,
disciplina essa que aqui na PARTITURA DO ATOR teremos um pouco de sua essência.
LINHA DOS SENTIMENTOS
A linha dos sentimentos é um
gráfico que mede as variações dos sentimentos do ator em cena, como nos conceitos
Stanislaviskianos esses devem ser desenvolvidos no próprio ator para que ele
possa empregar na personagem esses sentimentos, que são os diversos naturais
que já temos. Mas só terá êxito depois que o ator se tornar livre das rédeas
sociais, rédeas essas que inibe, aprisiona, detém psicologicamente, então será
preciso que no uso dos sentimentos use a voz, o som pra da melhor forma possível
expressar sentimentos como raiva, medo, alegria, coragem, amor, ódio, tristeza,
decepção, saudade e tantos outros.
Para que se coloque isso de forma concreta ou visível desenha-se três
linhas retas variando os níveis representando a frequência dos sentimentos, a de
baixo suave, a do meio médio e a de cima intenso, depois uma quarta linha irá
passar por cima ou se aproximando das outras três que representa os níveis, a
linha que passa trilhando entre as três chama-se a LINHA DOS SENTIMENTOS. Essa
variação favorece na coloração da cena uma ajudando a outra para que a cena não
torne cansativa ou monótona, é de grande valor ser usada em monólogos, servindo
também para variar os níveis de todo o espetáculo nos autos e baixos do texto,
nos epílogos serve para que cada ator veja como esta sua atuação, em todo o
trabalho ver junto com os colegas contra cena os tópicos. A linha dos sentimentos pode ser usada nas
falas monologadas, nos diálogos ou ate mesmo nas cenas mudas e nos solos. Outro
que ajuda na sua variação são os temperamentos.
No teatro de rua é de grande
uso, principalmente na mudança de estado físico e psicológico da personagem
para que atraia o público que na maioria das vezes são pessoas que não estão
ali esperando uma peça teatral como dentro de um teatro, mas que o ator precisa
atrair sua atenção e mantê-lo ali. Busca também uma harmonia com as
indumentárias, maquiagens, máscaras e até aos movimentos.
Um gráfico que representa o trabalho desse método como exemplo.
Esse é o gráfico de variação mais ou menos de
como deve ser feito uma cena em LINHA DOS SENTIMENTOS em relação as linhas retas
que são os níveis de sentimentos.
A VOZ E A RESPIRAÇÃO
As vozes são a ligação com a frequência da linha
dos sentimentos e com cada cor que elevar o andamento da cena, relacionada com
a respiração as vozes se divide como ALTA, MÉDIA, BAIXA, AGUDA E GRAVE e é
diferente da entonação. Para melhor trabalhar essas vozes sem que o ator se
sinta preso ou tenso em uma técnica, é dividido o corpo em VIBRADORES, quando
se usar uma voz, direciona essa ao vibrador que encaixe melhor com a sua cena.
Os vibradores são os pontos vitais que se identificam a expressão, os
vibradores são:
O VIBRADOR DO CRÂNIO – é
elevado a cabeça ou crânio a maior atenção da cena com a voz
VIBRADOR DO TÓRAX – é
contraído no tórax uma maior concentração da voz e energia da cena.
VIBRADOR DO ABDOME – é
elevado um fluxo da cena que provavelmente estará em níveis como 4 (ver níveis
de cena) no tórax e região.
VIBRADOR DAS MÃOS – nesse
geralmente quando a atenção é mímica com as mãos como se fosse elas falando ou
explicando melhor o sentido que a cena quer dizer.
VIBRADOR DAS PERNAS – é um
vibrador que traz a cena para um nível mais baixo.
Em uma cena pode ser de necessidade localizar a voz em mais de um
vibrador.
Para que os vibradores que são transmissores de carga energética
funcionem bem é necessário que a respiração seja a respiração abdominal
(respirar inflando o abdome).
É natural que se veja
respiração errada, muita gente respira com os ombros, tórax ou pelas costas e
isso é normal de acordo com o costume cotidiano não se faça a respiração de
forma correta, por exemplo: é normal que
as mulheres respirem pelo tórax por causa do sutiã, quem faz físico-turismo
respirem pelas costas e assim sucessivamente.
Símbolos: VBC, VBT, VBA, VBM,
VBP ou simplesmente VB.
COLORAÇÃO DE CENA
É uma forma de encenar nos
níveis mais variáveis de tensão e sentimento, as cores representam esses níveis
de acordo com o seu tom, seguindo uma escala gradativa para mais ou para menos,
dessa forma: Branco, amarelo, vermelho, verde, azul, cinza e preto. Na
medida em que se faz a cena se imagina uma dessas cores de acordo com a sua
tonalidade transferindo para expressão do momento com ou sem fala, assim será o
nível de sentimento na cena, por exemplo: em um verso de uma poesia, o ator
pode usar mais de uma cor, no mesmo verso ele faz com varias interpretações, em
uma fala de um texto o ator pode colocar sentimentos de vários níveis, ou,
vários níveis num mesmo sentimento representados pelas cores que ele coloriu a
fala, lembrando que não se pode muito carregar uma fala pequena com várias
cores ou vários sentimentos, mas, fica á gosto de cada um, ator ou diretor.
Cada cor tem um símbolo que é a
sigla dela mesma que pode ser colocada na parte superior ou inferior do texto,
para que seja lembrada nos próximos ensaios, levando a uma avaliação do próprio
ator de como ele mesmo não está fazendo uma grande cena em linha reta durante
todo o tempo. Com a dificuldade de encaixar as cores em seu texto ou sua cena o
ator pode coloca a LINHA DOS SENTIMENTOS simbolizada com as siglas das cores
nas variações dos níveis. Dessa forma ele suaviza e intensifica a cena de
acordo com suas falas.
CORES:
BRANCO = (B)
Prossegue com nível de fala mansa com pouca tonalidade de forma sombria,
consolo, reza, esconderijo, sempre dentro do que é mais parado em voz mansa.
AMARELO = (AM)
Tem uma tonalidade maior como se falar normalmente num diálogo, por exemplo
um casal apaixonado, compaixão, franqueza, um mestre falando suas sabedorias,
uma mãe com saudade da ausência de um filho.
VERMELHO = (VR)
É com aumento de tom tanto na expressão vocal quanto cénica, elevando os ânimos
para um estado mais vibrante, a cor VERMELHA tem uma visão dentro de debates,
conselhos, músicas embaladas, protestos, discursões, fala mais rápido
(dependendo da personagem ou cena), tem uma entonação elevada e dicção
destacada, o vermelho tem uma imposição de natureza.
VERDE = (VD)
Um tom médio, imperial, ordem, tristeza, paixão, um nível médio, uma voz
suave de volume alto.
AZUL = (AZ)
E uma escala mais alta, um nível alto, fala-se os gritos, mas não quer
dizer que seja especificamente raiva, mas é euforia, pode ser alegria, medo,
loucura ou qualquer da mesma espécie.
CINZA = (C)
É dada mais as onomatopeias, imitações de elementos da natureza, ruídos ou
até mesmo animais. Mesmo no formato onomatopeia esse tipo de som na mesma
escala pode ser empregado numa fala. Por exemplo, quando o ator ou atriz tende
a conversar com voz de gato, falar o texto com voz imitando o som mar ou o
ruído do motor de um carro.
PRETO = (P)
É a cor do tom fúnebre, de voz cavernosa transferindo terror, espíritos,
monstros, geralmente de nível médio no volume da voz, mas expressividade
grande.
As cores podem ter um reforço com as técnicas especiais, usadas.
SÍMBOLOS:
B - AM - VR - VD - AZ -C - P.
TÉCNICAS
ESPECIAIS
São meios que ajudam contra as ansiedades,
dificuldade de absorção das anteriores, levando o corpo e todo o psicológico a
encontrar de forma natural o caminho desejado pelo ator. Essa técnicas pontua o
texto de forma mais fácil dando tempo a raciocinar e o corpo absorver a
expressão dando maior interpretação, ao em vez de só, uma leve representação do
que é desejado.
Por exemplo:
PAUSAS –
As pausas são para quebrar ritmo no texto, serve também para corrigir
poluições sonoras de acordo com o tom de voz usado, além de desenvolver a
atenção de como deve ser trabalhada aquela cena naquele momento.
As pausas se subdivide em:
PEQUENA PAUSA ( / ) – Um meio intervalo durante a fala para
facilitar a imaginação da cena.
PAUSA (
// ) – Uma
parada até que reestabeleça o controle da cena.
GRANDE PAUSA ( /// ) –
É como se fosse um ponto de parada da cena para recomeçar depois, serve também
no congelamento em espera de um contra cena.
PARADA
– Serve para dar lugar a outra personagem entrar em cena sem interferir,
alguma outra interferência como de alguém do público, como por exemplo, o
teatro politico. As paradas não podem ser bruscas.
PAUSA DO RISO ( // R )
– Essa é para quando o público se manifesta, mais frequentes nas comédias, muitas vezes são usadas enquanto espera o riso do espectador, ou como
as outras pausas, para esperar quando um outro ator improvisa ou acontece algo
inesperado na cena , geralmente é feito nas comédias que coisas acontecem de surpresa.
ATAQUES E
RECAÍDAS DE CENA
É o que
chamamos de altos e baixos, os ataques e recaídas de cena estão relacionadas a linha dos sentimentos, a diferença é que
um ataque sobe bruscamente e uma recaída cai bruscamente nas sua variações, é
muito usado em comédias e principalmente, necessário no teatro de rua.
O ATAQUE (AT ) - Acontece quando a cena
vai seguindo normal e o ator dá um destaque de alguma forma para puxar estima, surpreender
ou quebrar a monotonia. Para que aconteça existem pontos estratégicos no texto.
A RECAÍDA ( RC ) – É quando uma cena está muito agressiva e o ator dá uma quebrada
na correria, gritaria ou outro tipo de agitação qualquer, para descansar o
publico e até ele mesmo, evitando algum efeito negativo.
SÍMBOLOS:
/ - // - /// - - // R - ATQ - REC
.
PECADOS DO ATOR
Os pecados do ator são aqueles que não podem
ser cometidos, que, o ator e a atriz deve estar evitando para que não caia como
fuga para ações na atividades mais complexas e difíceis. Também dá um alerta
quando o ator não se preocupar com a sua qualidade e variação nos seus diversos
personagens, para que ele não venha cometer deslizes notórios no seu cotidiano
profissional.
Para que isso aconteça o ator precisa se
livrar de seus lixos psicológicos, costumes que traz desde infância e que não
lhe beneficia em nada. Por exemplo: as mulheres não esquecem os cabelos, toda
hora passam as mãos arrumam, os homens fica sempre procurando um lugar para
sentar-se, ambos são cheios de dengos, tem um lixo psicológico hoje em dia é a
prisão pelo aparelho de celular. Se não se livrar dos seus lixos psicológicos
não conseguirá se livrar do “Pecados do Ator”.
CLICHÊS
– São formas sem convencimentos de um texto ou fala, gestos feitos
em cima de palavra ou frase, os gestos dos clichês são carregado, excessivos, sem
sentimentos em expressão e acaba ficando cansativo. Muitas vezes em
apresentações de palhaços do teatro, os atores fazem como se fosse chacota á
alguém ou algo. Um outro pecado cometido é quando o gesto faz o mesmo que está
dizendo a fala no momento. Nas escolas, igrejas e montagens infantis costuma-se
falar a palavra coração e desenha um coração com as mãos, ar e gesticula para
cima, agua e gesticula para baixo, mar e faz ondinhas com as mãos etc. Essas
são formas de clichês inválidos, fazendo o gesto igual o que está dizendo a
fala acaba virando pleonasmo vicioso. (Lembrando que o clichê pode ser
ferramenta para treinamento físico, e, que a ação física em harmonia com ou sem
texto ou exagero do clichê, deixa de ser pleonasmo).
PSIQUE DE COSTUMES – A psique de costumes é
quando o ator leva seus costumes diversos para dentro da cena (seus lixos),
deixando dúvidas na criação da personagem sem saber se ali na cena é a
personagem ou somente ele, as psiques mais usadas são por exemplo, passar as
mãos nos cabelo durante a cena (mulheres), mãos na cintura, olhar para o chão
(timidez), morder as unhas, cacoetes e vários outros que lhe tira da
concentração teatral e lhe coloca dentro si. Um psique de costume bem frequente
é falar seu costume de linguagem regional, sem se preocupar qual região se
passa o costume da personagem no texto.
PSIQUE DE ROLLER – Esse é um nome
atribuído ao ator que tem o corpo e alma preso nas personagens passadas, lixo
psicológico criado em cena, geralmente acontece por quem já andou interpretando
alguma personagem ou personagens e não consegue fazer a próxima totalmente
diferente da primeira. É psique de roller
também quando você vai fazer uma personagem, não tem criatividade e fica
imitando a que viu em outros lugares ou na televisão, ao em vez de fazer um
laboratório de pesquisa e criar a sua própria. Muitas vezes há alguns por
necessidade, por exemplo, quando um ator vai interpretar personagens já
existentes como figura alegóricas ou folclóricas: Emília, Sacis, Pica-Pau,
Patati e Patatá etc.
OBSERVAÇÃO:
A psique de roller é diferente de
quando o ator estuda uma pessoa da vida real, ou os costumes de uma região de
um povo, aí ele está fazendo um laboratório de pesquisa para enriquecimento de
sua técnica junto com sua personagem.
ESTEREÓTIPOS – É um padrão
carregado em um ator, “ator
estereotipado”, “rotulado”. Acontece mais quando companhia, diretores,
pessoas ou grupos convida um ator ou atriz para fazer sempre a mesma personagem
em diferentes trabalhos, como se o ator ou atriz só fizesse aquele tipo de papel.
Por exemplo, um determinado ator faz bem um cangaceiro,
quem o-viu fazendo acha que a capacidade do ator é limitada só em cangaceiro,
jagunço, vaqueiro aí só chama para fazer jagunço, boiadeiro, valentão da região
nordeste brasileira ou outros que não sai do mesmo contexto, rotulando o ator
somente nessa única personagem mudando só o nome, cavando uma psique de roller permanente.
ATOR PROBLEMA – É o que se chama
também “facão dentro d’água”, é o
tipo de ator sem confiança geralmente causado pela ambição, estrelismo, preguiça
ou mal convívio em grupo, prejudicando a harmonia. São os piores lixos
psicológicos, por serem mesquinhos, aproveitadores, incompreensíveis e
ingratos. É costume também nesse os fenômenos a “ante direção” – quando o ator problema não obedece a direção
querendo sempre mudar partes no trabalho fazer unicamente do seu jeito negando
o cobrado pelo diretor. Ante grupo –
quando não tem responsabilidade nem compromisso com espetáculo em si
prejudicando a maratona de ensaios. Esse fenômeno do ator problema acontece com
atores que fazem parte de vários espetáculos em varias companhias ou grupos
diferentes, tendo que ele ou ela por ser um só acaba enrolando um ou o outro ou
se não todos.
Muitas vezes os
atores problemas buscam reforço no restante do grupo para que outros apoiem sua
posição contra o diretor, companhia ou parceiros de cena, anunciando futuro
afastamento próprio em incentivo para que os demais vão juntos.
Na maioria das
vezes os atores problemas são referencias com suas más qualidades e podem ser
identificados nos primeiros dias de contatos na composição do elenco, sempre
chega se esnobando ou falando demais.
CAPITULO
2
A
personagem
Relacionada a criação da personagem e suas características
básicas. O conteúdo aqui mostrado leva o ator a intensificar sua personagem
tornando-a mais visível e concreta em cena. Com o que vimos no “O Ator” já fica mais ou menos próximo de
como criar uma personagem sem muita dificuldade, sabendo que quem descreve a
personagem é o próprio texto.
Para receber a personagem o ator deve estar vazio, deve ter
trabalhado todo o seu interior evitando sua morte psicológica, procurando os
desapegos, evitando o ego, buscando o senso de justiça e do amor. Se o ator não
estiver vazio não caberá nele a personagem, uma mente carregada não aguentará
mais outra carga, e, por essa natureza a coisa desanda. Todas as nossa crenças
são cargas, então quanto mínima melhor para conduzirmos uma outra pessoa que é
a personagem. Se um ator for carregado de uma grande crença religiosa e a
personagem dele for o diabo ou um demônio, um dos dois sofrerá vários
transtornos, mesmo sendo uma ficção, o papel apresentado se torna realidade, a
personagem ganha vida e a historia depois de contada passa a existir, assim ela
se torna um fato e as personagens o campo físico desse fato ocorrido, a parte
verdadeira visível dessa história contada pelo texto ou roteiro.
CONHECENDO A PERSONAGEM
Para conhecer a personagem o ator deve estudar
bem o texto, ler tudo que envolve sua personagem, ver além do que está escrito,
ele deve fazer um questionário sobre seu personagem assim descobrindo
automaticamente o status. Para que esse questionário seja de forma completa o
ator deve perguntar para si mesmo sobre a personagem treinar suas próprias
respostas ,após treinado e a personagem segura, faz as mesmas pergunta para a
personagem para que ela mesma responda aumentando sua verossimilhança
automaticamente.
O
questionário é:
Quem é minha personagem / onde mora /
qual a sua cultura / escolaridade / idade / profissão / costumes / como ela ver
as outras personagens / qual a relação com cada uma delas / qual posição social
(rica, pobre...) / o que ela quer e o que vai fazer para adquirir /por que
quer/ qual signo dela/qual nacionalidade/ como ela começa e como ela termina.
Claro que não precisa ter todas essas questões
para todo tipo de personagem, e cada qual pode acrescentar mais questões para
seu papel no texto.
STATUS
Toda personagem de um texto de
teatro é baseada na vida real da humanidade. Mesmo as que contam fábulas, ficção
dentro de qualquer contexto tem um conteúdo baseada na vida, com todas as suas
particularidades.
Para trabalhar a personagem
começamos pelos status. É muito bom que o ator identifique logo o status da sua
personagem em relação ao texto, esses status se divide em 5 na grade crescente.
O status é trabalhado o nível da
personagem, diferente das cores, são para
personagem não subir nem descer seu nível social ou sua postura de domínio
diante as demais, geralmente quem mais usa são os CLOWNS (palhaços) nas
transições entre branco, vermelhos (leal), Augustus e mestres de cerimônias. Os
status se dividem da seguinte forma 1, 2, 3, 4 e 5.
1 – sem
personalidade, sempre submisso, sempre cordial e sem opinião, esse tipo de
status sempre é usado em personagens que interpretam empregados, puxa sacos,
escravos ou outros tipos de submissão.
2 – um
pouco parecidos com o 1 mas, já fala suas ideias, dá suas opiniões mas sempre
de acordo com as dos outros e concorda se as suas não forem aceitas.
3 – é
parecido com o padrão de pessoas normais, concorda quando acha que deve, dá
suas opiniões, se expressa e se impões quando necessário. O status 3 sempre que
se ver necessário oscila para o 2 e o 4 de acordo com a cena.
4 – Impõe,
comanda estar sempre um patamar a cima, geralmente é usado em personagens que
representam patrões, políticos, donos etc.
5 – é maior
dos status em todos os sentidos, não tem medo. Não tem obediência e geralmente
é movido pela arrogância e prepotência.
SÍMBOLOS
ST1, ST2, ST3, ST4, ST5
TEMPERAMENTOS
São os
temperamentos da personagem de acordo com o texto, frio quente e morno.
Os temperamentos
são estudados partindo da posição da personagem no texto, o seu status e como
ela se comporta, quais são seus estímulos, sua natureza psicológica, Posição
social e a sua relação entre as outras personagens. Se divide em 3 da seguinte
forma;
TEMPERAMENTO FRIO – (TPT F) Personagens sem estímulo, controladas
por circunstancias desfavoráveis, sem agitação qualquer. Não quer dizer que é
unicamente uma personagem triste, uma personagem chorosa ou sofredora seja
especificamente o temperamento frio, o temperamento esta voltado para
vitalidade da personagem, estima, vontades e energias empregadas.
TEMPERATURA QUENTE – (TPT Q) Totalmente
contrario do frio, o quente é explosivo, enérgico, está sempre chamando atenção
pelo seu comportamento, deixando bem notório sua presença em cena.
TEMPERAMENTO MORNO – (TPT M) É um intermediário entre o
quente e o frio, sua presença é de destaque, vive intensa a reação das outras
personagens, contemplativo, tem suas agitações, mas não é explosivo.
Os
temperamentos quebram o gelo, quando a peça tem os variados temperamentos em
suas personagens dá mais destaque a certas ações na quebra das características.
SÍMBOLOS:
TPT F / TPT M / TPT Q
COMPORTAMENTO
DA PERSONAGEM
INTROVERTIDO – (CPT IN) São personagens voltadas para
dentro de si geralmente de temperamento frio, envergonhada, submissa, de poucas
palavras etc. pode se dizer também que o comportamento introvertido funde com
algumas regras, como olhar para os cantos esconde o rosto, ficar de cabeça
baixa, o ator que pegar uma personagem de comportamento introvertido tem como
missão interpretar de dentro pra fora mostrando uma espiritualidade forte,
contrações muscular nos poucos movimentos destacando suas vontades, o
comportamento introvertido é só introspectivo mas pode ser por exemplo feito no
status 4. Um herói o vilão geralmente são feitos bem enérgicos, se feito no CTP
IN chama atenção pela atitude.
EXTROVERTIDO – (CPT EX) São para personagens de
temperamentos quentes ou morno, extravagantes em raio de ação, geralmente são
as que dominam cena durantes sua fala, mexe com todos até com o público, muito
usado no teatro de rua, nas comunicações coletivas, na proposta de Bretch
(teatro politico, revista ou expressionista). O ator que faz uma personagem com
o comportamento extrovertido deve ter cuidado para não poluir a cena ou roubar
a cena em relação ás outras personagens com exageros de movimentações, por
exemplo, pode se fazer CPT EX no ST 2. O exagero de movimento não eleva a
extroversão da personagem, e preciso uma energia de espirito para se alcançar
uma verdade mais interiorizada nesse objetivo.
Nesse capitulo para o ator e diretor está voltado para o trabalho de
palco ou arena, são como as outras, exercícios juntos para facilitação na
criação do ator. Aqui já temos um tanto que facilita na formação da sua personagem
e agora para concluir seu trabalho deve-se ficar atento para sua presença no
palco em relação ao seu papel.