ANTI BELO


ANTI BELO
Oh poeta de mãos amaldiçoadas,
Que delas só sangram desgraças
Por que não nasceste maneta?
Oh poeta de olhares perversos
Por que não nasceste cego?
Oh poeta de ouvidos atentos
Porque não nasceste surdo?
Oh poeta de cérebro maníaco
Raciocina apenas o fim do mundo
O fim de tudo.
Por que não nasceste idiota?
Talvez sejas porém pobre,
Porque não enxergas o belo?
O que derrama de ti é mórbido,
É sórdido e voraz.
Oh poeta por que não és poético?
Para que nascestes?
Por que não te abortastes?
Oh anjo, demônio, terrorista.
Se não tivesse mãos,
Se não tivesse olhos,
Se não tivesse ouvidos,
Se não tivesse cérebro,
Se não tivesse vida,
Te chamariam então de poeta?
Maldição do mundo!
Carregador de carma pesado,
De fardos de chumbo!
Portador de osteoporose,
Amigo da cirrose, do delírio,
Da divagação... Imbecil!
Queima a palha! Queima!
Deixe que a fumaça te leve a cara
Tua vergonha!
Deixe que te lave da cara o teu desprezo!
Deixe que todas as tuas teorias se misturem
Num copo de estupidez.
Para que os mortais o tomem e sintam
Um pouco da tua desventura.
Afortunados são os que riem
Da simplicidade das massas
E matam o tempo
Ouvindo o roer dos ratos. 


MARCELO AZEVEDO DE MELO
MORRO DO CHAPÉU BAHIA

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