Qui ném a abeia faz o mé
E a aranha tece a teia
O cordé tá no meu sangue
Correno na minha veia
Toda rima é bunita
Pra mim num tem rima feia.
Se eu pudesse, eu vivia
Na rede, de papo pra cima
Só iscreveno bestage
Cantano e fazeno rima
Pruque cantá e fazê vesso
É minha maió istima.
Num quiria sê dotô
Nem prisisava sê formado
Pois pra mim bastava sê
Um rimadô afamado
Pra vê o povo dizê
Eta pueta retado!
Vivê iscrafunchano rima
É a coisa qui mais tem graça
Num tem coisa neste mundo
Qui mais agrado me faça
Num alimento oto viço
Cordé é minha cachaça.
Quiria qui eu pricisase
Só de caneta e papé
E qui de mais nada no mundo
Tivesse que prestá fé
Pra mode matá meus intento
Viveno só de cordé.
In veis de fazê tanta coisa
Qui as veis eu faço na marra
Quiria vivê cantano
Quiném veve a cigarra
Viveno só de cordé
Pruque o cordé me amarra.
Ai se eu num ligasse pra nada
Só rima fosse minha liga
Sem tê qui botá na mesa
As coisa qui a gente mastiga
Só mastigano cordé
Inté inchê a barriga!
Eu ia vivê alegre
Cara feia ninguém via
E era um sujeito concho
Pra todo mundo surria
Viveno só de cordé
Ota coisa eu num quiria.
Mais na brabeza da vida
Num se acha vida mansa
Sei qui vesso num ingorda
E nem tumém dá sustança
Tem qui fazê otas coisa
Qui é pra mode inchê a pança.
Quando eu procuro palava
qui faça rima cum vida
Bate logo na cabeça
A tale palava lida
Pruque o trabaio é priciso
Pra garanti a cumida.
Assim, num dá pra vivê
Quiném sapo na lagoa
Só cantano e fazeno papo
E gozano das coisa boa
O trabaio é lei da vida
Num dá pra vivê de loa.
Só de vesso num se veve
Mermo assim sô rimadô
Pruque adotei o cordé
E o cordé me adotô
"Nem só de pão veve o home"
É a palava do sinhô!
Por Noedson Valois
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