É a foto
mais visitada
Como é escandaloso
o pudor de um beijo
Seco, sem
saliva
Na hora do
ato fotografado estavam seminus
Usavam suas
salivas para molhar sedas
Na hora do
ato do beijo
A saliva
encharcava todos os fantasmas da noite
Menos a língua
O beijo é antessala
do sexo
Mas o beijo
precisa ser molhado
O beijo
ressecado...
As línguas incorporaram
a lixa que esmerilham o amor
De repente
queriam arrancar
Da língua o sangue
que alimenta o coração
No museu os
amantes não entendem
Como pode um
beijo sem estrelas
Sem arrepios.
Os puristas
elogiam dizendo ser beijo casto
Oi os puristas
entendem de lixa e negação do corpo
As lixas de
uma língua seca
São lixa que
badocam em terras áridas
Onde as
pombas não voam
Ou pelo
menos não tem planos de voo
A memoria sua
caixa preta está lotada
Há quem diga
que havia um anjo mal
Um cupido
chapada que drenava toda volúpia do beijo
Há quem diga
que foi a soma das incógnita
Da seda que
ressecou o ambiente
Queimando a língua
Os românticos
afirmam categoricamente
Que o amor
não ilumina os olhos
E o realista
que eles estavam chapados
Assim como
anjo, de maconha.
Não ha como saber
quem se apossa da verdade
O fato que o
beijo é um verdadeiro
Espetáculo no
museu dos sacos
O fracasso é
uma pauta que dá audiência
Conforto é
saber que há mais fracassados que você
Ma o que ninguém
esperava
Era a
legenda da foto e de onde vinha o beijo
A legenda
diz que esse beijo...
Está sentado
na mesa dos velhos casais
No sangue do
estupro
No falso
gemido da meretriz
Esse é o
beijo santo da igreja
O beijo da
castidade e da pedofilia dos anjos
O beijo
sacramental da faixa presidencial
Esse é o
beijo velado da morte diária
Servido em
fundos pratos.
Essa é a
legenda da razão que calcula
Essa legenda
nos deixa melhor
Porque há
quem seja pior
Esse é o resultado
da logica do beijo ressecado da morte diária
Que a
intuição destrua todos os valores
Amem!
POR ORGÂNICO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE O SEU COMENTÁRIO